quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Sangue Suor e Lágrimas.....com muito Orgulho


Provavelmente de todas as vezes que me mascarei, esta foi a única que me agradou….mascarei-me de “tropa”…..a minha avó tinha lá para casa alguns adereços da época em que o meu tio cumpriu serviço militar obrigatório e ousou vestir-me, ou seja, mascarar-me….até tive direito a boina e tudo….mas estava muito longe de saber que algum dia iria vestir uma farda…..

Atingida a idade adulta, os 18 anos, fui á capital, Lisboa, mais propriamente á Calçada da Ajuda, para efetuar as inspeções militares, basicamente consistiam em exames médicos e psicomotores.

Duraram 2 dias e posso dizer que para mim foi a cereja no topo do bolo quando de entre centenas, fomos escolhidos cerca de 30 homens….possuía-mos as qualidades requeridas para pertencer a um contingente especial  das forças armadas……mas esquece…não queria nada daquilo….passado uns meses sai o edital na camara municipal e aqui o “je” vai recambiado para o Entroncamento…..EPSM com ele durante a recruta….3º pelotão da 1ª companhia….chegado ao quartel só via marmanjos ao berros com a malta…..um lençol no chão e a malta ia juntando as fardas e restante indumentária que iria usar durante a minha estadia naquela instituição….foram dias, manhas, tardes, semanas complicadas…..desde o acordar cedo, aceitar ordens, aprender a marchar e restantes obrigações militares….não vou esmiuçar a aprendizagem, nem dizer a profundidade do abrigo que eu próprio construi durante a semana de campo….mas posso dizer uma coisa…..tinha mais água que muita piscina infantil…..

Comandado pelo Tenente Gomes, um transmontano e pelo 2º Sargento Machado, este bem ribatejano…..exemplos a seguir, também eram os meu primeiros comandantes….fica para a memoria o Parreira e o Frasco, dois camaradas, dignos desse nome, Camarada.
Transferido para a cidade de  Estremoz, uma nova realidade, novos camaradas, novos comandantes……uma vida pacata, naquela cidade Alentejana…..por incrível que pareça, não tenho laços com aquela unidade. Até estive bastante tempo, mas limitava-me a cumprir o meu serviço diário. Criei algumas amizades, mas que se esfumaram  durante estes anos…..
 
(Honrar, Vencer, 3º até morrer - grito usado pelo pelotão)
 
Passados 3 anos e com vontade de dar uma volta á vida e já com o espirito de abnegação bem entranhado na minha pessoa, decidi ir mais longe…..de uma vida calma e serena….decidi candidatar-me a um contingente especial.
Recordo quando entrei no centro de recrutamento e manifestei o meu interesse…..fui literalmente menosprezado e gozado….mas fui passando nas provas e olha….fui admitido….nas provas recordo uma em especial…a entrevista….diz a Sra. “ então e se não entrar para as OE “ em tom de pergunta….ao que eu com um sorriso respondi “ OE ou não é” , penso que estava mais que estampado na minha atitude, ser algo que ambicionava.
Recebi um telefonema por parte do centro de recrutamento a dar conhecimento da data de ingresso e questionaram se tinha a certeza se queria mesmo ir….desloquei-me ao centro, levantei a papelada e disse “ volto com a boina na mão” ……eles riram….e eu sorri.
Passaram 6 meses e dia 16 de Junho compareci perante aqueles 2 homens com um pedaço de pano…verde seco….o qual tinha uma insígnia….
Foi um curso duro sim….como anteriormente referi, não vou esmiuçar…..neste caso, é pelo curso que é…..se pensei em desistir? SIM ……fica para a história 2 dentes partidos….…queimaduras no corpo…..sangue, suor e lágrimas……ui se chorei….até gritei…..passado o curso onde mais de 60% desistiu, fui nomeado para frequentar o curso de promoção a cabo….se me perguntassem se queria, na altura negava…o corpo gritava por descanso….
Passado o curso de promoção com êxito fui colocado num GOE e por sua vez fui subindo de equipa…
A minha vida na COE fica no segredo dos deuses….posso dizer que enquanto lá estive fui candidato ao curso Sniper, dizem que só a Elite das elites são admitidos….descobri então que era a Elite das elites.
Foram 3 anos da minha vida os quais guardo com muito carinho e saudade…..podia estar aqui a escrever a noite toda e não conseguiria transcrever com exatidão o que é estar lá, viver lá, trabalhar lá……
A paixão, entrega e devoção era tanta que arriscaria a minha integridade física por um camarada….e houve algumas vezes em que cheguei á frente por outros…
O curso foi duro….as praxes foram….foram de integração….mas vivi coisas que por mais anos que por cá ande, não irei viver certamente…
Até gostava de escrever e escrever sobre toda esta carreira……desde o On Job Training com malta do Charlie e do Bravo…..das rivalidades que existiam…..das praxes….brincadeiras….de escoltas auto e apeadas a entidades…..de combate em áreas edificadas….da raiva que ganhei a neve…sim aquela cena branca…fofinha, fria e engraçada que teima em cair durante alturas do ano…….bolas, aquilo atrasa a vida d’um fulano….um dia, mas hoje ainda não é o dia.
 
                                     ...QVE OS MVITOS POR SER POVCOS NAM TEMAMOS....
 
 
Durante a minha carreira militar passei por EPSM, RC3, CIOE, EPC e EPA….5 unidades militares…passei até por mais, mas essas que não são mencionadas é pelo simples facto de serem estadias de 1 semana….diligências.
EPC e EPA foram unidades por onde passei devido á minha formação na classe de sargentos….EPC fica na memoria pela prova topográfica de 40 km….sendo 30 com o Calado aos ombros……e a EPA fica…bem, até nem fica.
 
                                             (algumas lembranças ofertadas por camaradas de curso)
 

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